sábado, 7 de junho de 2014

Uma amizade que virou paixão

Surpresa! Foi esse sentimento despertado em mim quando Cinthya me beijou pela primeira vez. Não me espantei com a ação, mas com a intensidade e voracidade com que o beijo foi desferido. Nossa historia começou há algum tempo,  e com o passar dos dias, horas e minutos, sequer poderia imaginar que ela nutrira por mim um sentimento intenso, caloroso e que colocaria meu mundo do avesso.
Trabalho em uma empresa de Call Center, para financiar meus estudos pois a poesia e as letras quero fazer de profissão, gosto do que exerço no momento pois tenho a flexibilidade de estudar e ainda sim ter tempo para outras amenidades. Foi dentro desta empresa que a conheci, e quase por um acaso do destino, fomos designadas a trabalhar na mesma equipe sendo separadas apenas por algumas posições de atendimento.
Com o avançar do tempo que por vezes é impiedoso, voluntariamente ou não, cruzávamos todos os dias pelos corredores antes e depois do expediente, mas nosso contato era superficial, os assuntos eram figurinhas carimbadas: metas, horários e essas coisas que todos nós reclamávamos. Nossa aproximação de fato aconteceu em uma quarta feira chuvosa em que a garota que costumava sentar a seu lado faltou e por um atraso meu, culpa do caótico trânsito de onde vivemos, como não havia outro lugar para sentar que não fosse a seu lado, ali me instalei.
Nas primeiras horas, era estranho e um pouco incômodo como seu olhar tentava de alguma maneira chamar minha atenção. Ao mesmo tempo que tentava me concentrar no trabalho, pois estávamos em uma época boa para atrair contatos, não podia deixar de sentir aqueles olhos azuis, me fitando, me procurando, ansiosos por um sinal de minha parte. Sempre fui conhecida por minha delicadeza, mas seriedade dentro da empresa, mas não posso negar que fiquei tentada a responder aquele olhar misterioso, meigo e avassalador.
Que chuva não? Fora a primeira coisa que me perguntara, já não se importando com o cliente que berrava ao outro lado da linha querendo alguma informação. Respondi que sim com a cabeça não dando tempo para que engatasse outras perguntas, mesmo assim diante de meu silêncio continuou:
Vanessa, acredita que por esses dias vi um batom que achei sua cara? Ao mesmo tempo que sua pergunta atingiu em cheio meu ego pois adoro batons, me ressabiou: como sabia meu nome? Como sabia que eu gostava tanto assim de batons, estaria ela me perseguindo?
Apesar de intrigada com tantos acertos, me deixei envolver e me desconcentrei totalmente do que fazia engatando um longo bate papo com Cinthya. Do dia seguinte em diante começamos a sentar lado a lado e trocávamos figurinhas sobre todos os assuntos, nossa afinidade chegou a tal ponto de descobrirmos a cor de nossos lingeries de acordo com nossos estados de humor e quantos “gatinhos” havíamos paquerado nas baladas de final de semana.
Como ficamos muito próximas nosso grau de afinidade começou a gerar suspeitas e aguçou a imaginação de muitas pessoas, principalmente dos meninos de nossa baia, porém aquilo nada significava era apenas produto da imaginação de garotos imaturos que acabaram de descobrir os prazeres da vida.
Cinthya, que já se sentira muito a vontade comigo e que virara minha companheira inseparável num dado dia levantou uma questão um tanto curiosa, o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo. Apesar de achar que era uma brincadeira sua, principalmente por saber que ela tinha seus enroscos com os garotos de seu bairro e das festas em que frequentávamos, respondi um tanto receosa que era suspeita para falar e interrompi o assunto, não queria comentar mais num passado não distante, já provara os beijos de certa moça que também trabalhava conosco, por não resistir à tentação de uma brincadeira de verdade ou desafio que foi longe demais. Sempre fui curiosa e tudo que é diferente me instiga, por esse motivo resolvi não falar nada para não me comprometer. Meses depois, resolvi contar a Cinthya sobre o ocorrido e talvez isso a tenha motivado a investir sobre mim.
Eram quatro e quinze da tarde de um sábado nublado quando nos encontramos as portas da empresa de Call Center. Naquele dia o expediente terminara mais cedo e decidimos sair para caminhar pelas alamedas rústicas e movimentadas do bairro de Cerqueira Cesar. Eu estava vivendo um affair com um garoto próximo de nós, o romance ainda estava em segredo, pois não queria que nada atrapalhasse aquele momento novo e excitante, decidi que não ficaríamos aquele dia porque contaria a minha melhor amiga sobre o que acontecera e ficaria atenta a todos os seus conselhos para que não me perdesse naquele jogo da sedução. Mal sabia eu que o jogo nem havia começado.
Caminhamos por aproximadamente duas horas e paramos para tomar um suco defronte ao MASP. Apesar de nublado o tempo estava abafado e nos cansamos de tanto ziguezaguear nas ruas íngremes. Sentira que Cinthya estava mais quieta que o habitual e naquela pausa decidira perguntar se algo lhe acontecera antes de revelar o segredo de meu romance. A resposta de minha pergunta foi uma surpresa estarrecedora e que por muito tempo perturbou minha mente, Cinthya me beijara de maneira intensa, quente, embolando sua língua na minha, fazendo sentir que todas as palavras que lhe falaria a seguir seriam insignificantes, mais do que desejo, aquele beijo me fez sentir que ela nutrira por mim algo maior que sua amizade, fidelidade e dedicação, descobri de forma inusitada que ela me desejava de forma diferente.
Os dias que se sucederam após o caloroso beijo pareciam dias de calor intenso sem sol, tentamos reaver aquela amizade que nos aproximara, conversávamos, mas nada daquilo que dizíamos uma a outra parecia ter algum significado, terminei o meu affair com o “fofo” como gostava de chamar por me sentir confusa e não saber como lidar com a situação: de um lado um rapaz que tinha tudo para me fazer feliz, do outro um par de olhos azuis que escondiam um louco desejo de me possuir e de me oferecer um amor que jamais conhecera de fato. Enquanto minha mente evoluía em acessos de loucura e sanidade, as horas correram e recebi um convite em forma de bilhete para o que mais gostava, com a companhia mais agradável, um delicioso sorvete de flocos ao final do expediente.
Caminhando rumo ao encontro de Cinthya, pude sentir que aquele sentimento de culpa e agonia que me ocorriam já não me habitavam mais. A noite caía de forma agradável e serena, o céu cintilava de estrelas e as pessoas continuavam o ininterrupto vai e vem cotidiano. Em meio a pensamentos turbulentos e incertezas, decretei ao meu ego me  arriscar e viver um momento diferente daquilo que me acostumara. Eu estava preparada para enfrentar mais uma vez as mentes sagazes, mas dessa vez não me preocupava, só queria que aquela felicidade me completasse, assim como as estrelas completam o céus em noites claras, e no encontro silencioso do sol com o alvorecer. Já passavam das nove e quinze quando cheguei a sorveteria, com um largo sorriso nos lábios, e uma única certeza, me renderia de corpo alma, me entregaria aos encantos de Cinthya.

domingo, 23 de março de 2014

4 Cenas .. Amor de Salvação

Cena: Uma madrugada de outono, nuvens escuras carregam o céu e uma fina chuva anuncia o temporal que não tardará a cair ...

 Eram duas da manhã quando Sandro resolveu rascunhar uma carta. Suas mãos tremiam enquanto seu pensamento se atentava às milhares de coisas que ele quisera expressar. Há dois meses seu romance com Rebeca havia terminado sem motivo ou circunstância. Ele tentava entender o motivo de um amor tão arrasador acabar sem motivo aparente. A menos de cinco minutos de distância, num quarto de hotel habitado pelas sombras da saudade, Rebeca remexia em livros antigos. Poesias de Camões, Alberto Caieiro e Castro Alves debruçavam sobre suas mãos enquanto uma doce melodia da Legião Urbana tomava as caixas de som e preenchiam um vazio causado pelas vozes de sua alma. Enquanto pensava no que escrever, Sandro deslizava sob seus dedos longos e finos sua esferográfica Bic de cor azul. A preferência pela marca segundo ele, vinha da semelhança do desempenho da caneta no papel ao das bailarinas sobre o palco. Para ele, cada palavra escrita representava um movimento gracioso e que requeria habilidade e simpatia. Embora estivesse com saudades do moço que lhe chamara carinhosamente de meu anjo, o orgulho intransponível de Rebeca semelhante às rochas que quebram as ondas a impediam de correr sobre as alamedas do bairro Limoeiro. A saudade aliada à teimosia era tamanha, que ao ouvir um acorde musical mais suave, uma lágrima caiu de seus olhos verdes, que eram alegres e vivos, mas que naquele momento estavam tristes e dissaborosos com o fim de um amor tão bonito. Os olhos de Sandro brilhavam sobre o papel branco ainda sem traços e rimas. Aquele moreno franzino e de olhos lânguidos procurava encontrar a maneira certa de dizer as palavras que não tivera coragem de proferir no dia do rompimento. Sua mente entrou em um universo paralelo onde sanidade e loucura se misturam. O relógio em tic tac recorrente marcava que passavam das quatro horas da manhã. Ao longe podia-se ouvir o cantar dos pássaros anunciando a alvorada que não tardaria. De volta à realidade desconfortante, Sandro riscou as primeiras palavras no papel que certamente já estava impaciente à espera de pelo menos uma palavra de carinho. "Meu bem mais precioso" foram as primeiras palavras que levaram o moreno a compor pelo menos quatro folhas de palavras de terno querer e uma força inconcebível de amor à Rebeca, que por sua vez chorava copiosamente à frente de um porta retrato atormentada por lembranças que ela insistira em abandonar.

Cena: Um quarto iluminado a meia luz, onde as sombras da saudade não deixam o sono chegar.

Amanheceu, as nuvens carregadas se dissiparam dando espaço ao brilho imponente do astro rei, que pouco a pouco eliminou a penumbra trazendo à tona a luz. Neste momento, passava por debaixo da porta amarelo gema, um envelope com letras de amor, recheado de carinho e saudades. Enquanto aguardara a resposta de sua carta, Sandro adormeceu sobre as folhas de papel rascunhadas. Em seus sonhos, procurava imaginar a amada correndo para seus braços, pedindo para esquecer o que ocorrera para que juntos novamente pudessem ser felizes. A uma pequena distância, em um quarto iluminado a meia luz, mais lágrimas caiam dos olhos da mulher que tinha cabelos de fogo e um coração que ardia em brasas, e que naquele momento decidia eliminar de vez a solidão de sua existência. 

Cena: Uma mulher decida a mudar seu destino bate a porta, o desejo reencontrar o grande amor de sua vida

 Rebeca caminhava a passos largos, em seus olhos, as lágrimas que não a abandonavam e que um dia foram de tristeza e arrependimento, naquele momento eram de alegria e contentamento. O tempo insistia em não passar e o caminho que parecia relativamente curto desenhava-se longo e insinuante. Enquanto a mulher ruiva tropeçava em seus passos, algo inusitado acordou o coração de Sandro aos pulos. Mesmo sem saber o que era, correu escadas abaixo e parou por um instante à frente do corredor que levava a porta como se estivesse esperando que alguém tocasse a campainha a qualquer momento. Seus instintos não estavam errados porque, a poucos passos dali, uma mulher decidida a mudar seu destino bateu a porta, com apenas um desejo, reencontrar o grande amor de sua vida.

Cena: Lagrimas e suspiros reascendem a chama de um grande amor, o final anunciado.

Ao primeiro soar, Sandro já estava postado à porta. De cabelos emaranhados à sua frente estava Rebeca, olhos vermelhos, coração acelerado e uma enorme vontade de pular em seus braços. O clima tenso misturava sensualidade, rancor e uma louca vontade de se amarem. Foram segundos que pareceram horas: Olhares que se conheciam, mas que a priore pareciam distantes, momentos de tórrido prazer que explodiram com rapidez ímpar, ali estavam os dois personagens que a tragédia do amor resolveu mais uma vez unir. A cada lágrima derrubada por Rebeca, as esperanças de Sandro se renovavam. Um abraço foi combustível necessário para reascender a chama que fagulhava em ambos. A atmosfera estava carregada de desejo e sensualidade quando Sandro deslizou suas mãos pelo corpo quase despido de Rebeca. Em seus olhos ardia o desejo insaciável de ver a amada desfalecer em seus braços após possuí-la. Rebeca por sua vez, sentia-se protegida, entregue, como se aquele momento fosse único e inesquecível. Roupas sobre o chão e os móveis fora do lugar creditam que os dois fizeram amor como se o tempo fosse um mero espectador do encontro do sol e da lua como um grande eclipse. Já era noite, entre lágrimas e suspiros a chama do desejo se faz ascender, ressurge assim um grande amor, um final anunciado.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Ela - Dois Ponto Quatro

Jeito cativante, olhos decididos e cabelos rebeldes que esvoaçam contra o vento enquanto ela sem jeito procura prendê-los com uma presilha azul. Seus vinte e poucos anos escondem os trejeitos de moça calma, mas que por dentro possui uma loba que insiste em pular de seu peito. Ela caminha por entre as alamedas de uma grande avenida e o seu desejo é apenas viver. A sua volta, enquanto o vai e vem frenético dos carros insiste em perturbar seus ouvidos, ela despreocupadamente cantarola uma canção dos tempos de outrora, imaginando-se em meio a espadas e cavaleiros ansiando pelo resgate do encantado príncipe, fazendo-a esquecer toda tristeza que insiste em magoar seu coração. Uma brisa doce toca seu pescoço, transformando em poesia e graça uma fração de segundo. O relógio caminha desenfreadamente e o cair da tarde revela a imensidão da noite enquanto ela adentra uma pequena loja de souvenir na busca por um mimo pessoal. Desfilando entre os corredores, meus olhos a seguem, buscando vestígios, retorno e quem sabe uma luz para a escuridão que se transformara minha vida. Tocando objetos, imagino-me em suas mãos, sentindo seu toque macio, no caminhar singular das maças do meu rosto. Subitamente, sou acordado pelo som harmonioso e melódico de sua voz me dizendo olá, e me perguntando onde ficavam as bonecas de porcelana. Passaram-se frações de segundo quando chegamos ao corredor das bonecas. Enquanto seus olhos curiosos pairavam sobre as prateleiras, minhas mãos já aninhadas em seus ombros lhe mostravam a direção dos artefatos para sua apreciação. Ao sair das compras, satisfeita e com um sorriso que irradiava felicidade e poder seu nome e telefones já estavam anotadas em meu caderno. Foram noites e dias de súbita espera até o dia do reencontro na praça das cerejeiras defronte ao parque central. Para matar as saudades, e-mails e telefonemas cuidaram de descobrir mais sobre medos e anseios, felicidades e dissabores, além de revelar qualidades e curiosidades formidáveis. O sol já preparava-se para mergulhar entre às nuvens quando ela, cabelos ao vento, vestido florido e sorriso arrebatador preencheram o vazio do outono e dos espaços provocados pelo caminhar dos pedestres no fim da tarde. Uma troca de e meias palavras olhares foram suficientes para revelar a saudade que sentiam ambos durante todo o tempo afastados. Caminhando pelas ruas coberta de flores, ela revelou sua arrebatadora paixão, enquanto ele mais tímido, sentia o ardor das têmporas e o gelar das mãos a cada palavra proferida por aquela moça. Foi embaixo da cerejeira mais antiga do parque que o primeiro beijo aconteceu, explodindo todo o sentimento guardado nas entranhas do coração. A cada carícia, a lembrança daquela primeira visão, da boneca em busca de algo mais perfeito que ela, em graciosidade, beleza e criação. A noite revelou-se enquanto caminhavam rumo ao incerto, nas imensas e sinuosas curvas que fazem parte do jogo do amor.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

O amor pelo pavilhão, razão da minha própria vida !

Com o falecimento de meu pai em setembro de 2006, procurei insistentemente por alguma coisa que me fizesse esquecer e seguir em frente. Perder alguém que te incentive, que te guie é muito difícil, por mais coisas que eu fizesse nada me faria superar tamanha perda. Até que em um inusitado domingo minha amiga Juliana me chamou pra ir à quadra da Águia de Ouro, que fica no bairro da Pompéia. Seria estranho demais ir a uma quadra tão distante (tecnicamente), pois perto de minha casa tenho “n” opções de escolas de samba (todas tradicionais), mesmo assim decidi aceitar o convite e ver aquela batucada contagiante de que todos falavam. Ao chegarmos embaixo do viaduto, a movimentação era intensa, pois estávamos já em outubro e o carnaval seria no início de fevereiro, muitas famílias freqüentam a escola que recebe de braços abertos quem a visita. Encantei-me em ver como pessoas que nem sequer nos conhecem sejam receptivas e calorosas. Para este carnaval, a escola falaria das manifestações artísticas de artesanato, e da cultura popular, o tema é sugestivo, pois afinal o carnaval é uma dessas manifestações. Antes do esquentar dos surdos e tamborins, acontecia uma animada roda de pagode no palco, com músicas que remetiam um passado não muito distante, e que me faziam lembrar meu véinho que eu acabara de perder, aquele sentimento mix de tristeza, felicidade e lembrança me fez ficar muito a vontade e sentir que há tempos eu era íntimo de todas aquelas pessoas. Exatamente as 20h36 minutos, Juca, o mestre daquela batucada maravilhosa (não digo isso porque desfilo pela escola, mas porque já era fã daquela batucada) apitou chamando os componentes para que o ensaio começasse. A cada convenção, a cada paradinha ou desenho, meu coração que já tinha sentido aquela sensação (não vou dizer o nome da escola por motivos óbvios) pulsava, pulava, como se fosse um compromisso, um chamado, designo que eu devesse seguir, me senti estranho por pensar que tal sensação tomasse conta de mim novamente. Acompanhamos o ensaio entusiasmados com o andamento cadenciado da bateria, e da letra do samba que meses depois seria ovacionado na avenida, mas isso é assunto para uma outra postagem. Ao terminar o ensaio, não me contive e fui perguntar como fazer parte daquela grande família, num primeiro momento me senti receoso, pois sei que a maioria das baterias paulistas já tem seu time formado muito antes do carnaval por conta dos ensaios e coreografias para que o desfile não perca seu brilho. Após conversas com o Luciano (diretor dos tamborins) e com o próprio mestre Juca, acertamos que nos finais de semana seguintes eu entraria na escolinha de bateria e quiçá poderia fazer parte daquele time de ritmistas. Já no primeiro domingo de ensaio na escolinha, fiquei no ensaio da noite para tocar com a bateria principal, fiquei tão nervoso que até quebrei a baqueta enquanto suava frio para não errar nenhuma subida, nenhum desenho, dar o meu melhor e conseguir o trunfo de desfilar na escola de samba que havia se transformado na “paixão de São Paulo”. Desde que comecei em novembro de 2006 o tempo havia passado como um Ferrari nas retas de Interlagos, os ensaios tensos como devem ser para que nada saia errado, as pessoas e o bom ambiente contribuíram para que tudo corresse perfeitamente, o dia do desfile se aproximava e a paixão arrebatadora que caiu sobre mim aumentava. A cada frase dos samba exaltação, da letra do samba, me fazia crer que havia um motivo para continuar e que a vida tinha muito sentido. E lá se vão quase dez anos de emoções (positivas e negativas), muitos amigos, muitas broncas, viagens, apresentações que me fizeram crer que um pavilhão é tão importante quanto à família que temos que amar e respeitar. Significa ver o seu coração bater forte mesmo quando você está distante vendo um vídeo no youtube ou ouvindo seus sambas em formato mp3, é muito ruim que estejamos sempre tão compromissados com o trabalho e o capitalismo que não tenhamos tempo para curtir e aproveitar momentos que são pequenos, mas muito valiosos. Não preciso dizer que este será o meu eterno pavilhão e que não o troco por nenhum outro, não me importa se já são 13 campeonatos, ou se a escola é do time do meu coração, o mais importante é saber que você ama uma escola que respeita seus componentes e os cobra de maneira clara e límpida. Águia de Ouro, eu sou e sempre serei, não importa o que digam, você é sempre será a razão da minha própria vida ! ♫ Ecoou um cantar, desvenda os olhos, desfaz barreiras, brilha o teu esplendor, me curvo ao teu valor, águia guerreira ♫